Se pudesse o gênio de uma crença incontida
Desenhar aquarelas de intenso esplendor,
Pintaria com os tons mais belos da vida,
A mais admirável encarnação do amor!
Uma tez rosada seria — assim — ungida
Com orvalho suave, de extremo frescor;
Nuvens ornariam a fronte enternecida,
Em dourada auréola de virginal pudor!
A cabeça pendida, em singular doçura,
Qual nota simétrica de um concerto eterno;
De braços abertos, com enlevo materno,
A olhar-nos, do alto, com inefável candura.
E, como um céu de estrelas, o manto reluz
Com a suprema imagem da mãe de Jesus!
Mas quem, aqui na terra, na paz não confia
Nunca vai entender esse olhar de Maria!
Salvador Araújo
BH, mai/2010
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