Quem não ama a natureza
É aquarela sem cor
É um fogo sem calor
É um reino sem nobreza
É um verme sem defesa
Em um fogo abrasador
É um amante sem amor
É um leitor que não lê
É um crente que não crê
É um santo sem milagre
É o doce do vinagre
É o sopro da ambição
É amigo da traição
É inimigo de Jesus
É escuridão na luz
É um alto sem altura
Uma doença sem cura
A miséria de um ser
É um sábio sem saber
É um rico sem riqueza
Quem não ama a natureza
Não é digno de viver
É um infeliz azarado
É um ser impiedoso
É o fruto venenoso
Do egoísmo danado
Esse ser não foi gerado
Caiu da poluição
E sua respiração
Solta o mal que o criou
Ele sempre desprezou
A natureza querida
Que lhe dá a própria vida
E tudo que o alimenta
A obra que representa
A grandeza infinita
Mas esse ser parasita
É um pobre sem visão
É vida sem emoção
É matéria apodrecendo
Que vai desaparecendo
Produzindo impureza
Quem não ama a natureza
Não sabe se está vivendo
É um ser sem alegria
É uma grande gozação
Amante da maldição
Defensor da covardia
Um filho da heresia
Um morador do abismo
Não conhece o batismo
Nem respeita o Criador
E o perfume da flor
Ele acha insuportável
É um ser insociável
Dono da inconsciência
Inimigo da Ciência
Imprestável para o mundo
É um traste vagabundo
Que anda sem direção
Nunca teve educação
É pessoa inativa
É uma alma cativa
Um escravo da vileza
Quem não ama a natureza
Não tem uma vida viva
É o fruto do pecado
Habitante do inferno
E arde no fogo eterno
Vai morrer asfixiado
Pois não ama o verde amado
E nem o ar que respira
É um fruto da mentira
É um pecado sem perdão
Um caso sem solução
Um ente destruidor
É uma coisa sem valor
Uma mente atrapalhada
Uma grande palhaçada
O cúmulo da ignorância
Não merece confiança
Nem gestos de compaixão
É um ser sem coração
Que só o mal acarreta
É uma alma inquieta
Que vaga na incerteza
Quem não ama a natureza
Não vive, mas sim, vegeta
Salvador Araújo
Ago/81
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