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POEMA VERDE

Foto do escritor: Salvador AraújoSalvador Araújo

Quem não ama a natureza

É aquarela sem cor

É um fogo sem calor

É um reino sem nobreza

É um verme sem defesa

Em um fogo abrasador

É um amante sem amor

É um leitor que não lê

É um crente que não crê

É um santo sem milagre

É o doce do vinagre

É o sopro da ambição

É amigo da traição

É inimigo de Jesus

É escuridão na luz

É um alto sem altura

Uma doença sem cura

A miséria de um ser

É um sábio sem saber

É um rico sem riqueza

Quem não ama a natureza

Não é digno de viver



É um infeliz azarado

É um ser impiedoso

É o fruto venenoso

Do egoísmo danado

Esse ser não foi gerado

Caiu da poluição

E sua respiração

Solta o mal que o criou

Ele sempre desprezou

A natureza querida

Que lhe dá a própria vida

E tudo que o alimenta

A obra que representa

A grandeza infinita

Mas esse ser parasita

É um pobre sem visão

É vida sem emoção

É matéria apodrecendo

Que vai desaparecendo

Produzindo impureza

Quem não ama a natureza

Não sabe se está vivendo



É um ser sem alegria

É uma grande gozação

Amante da maldição

Defensor da covardia

Um filho da heresia

Um morador do abismo

Não conhece o batismo

Nem respeita o Criador

E o perfume da flor

Ele acha insuportável

É um ser insociável

Dono da inconsciência

Inimigo da Ciência

Imprestável para o mundo

É um traste vagabundo

Que anda sem direção

Nunca teve educação

É pessoa inativa

É uma alma cativa

Um escravo da vileza

Quem não ama a natureza

Não tem uma vida viva


É o fruto do pecado

Habitante do inferno

E arde no fogo eterno

Vai morrer asfixiado

Pois não ama o verde amado

E nem o ar que respira

É um fruto da mentira

É um pecado sem perdão

Um caso sem solução

Um ente destruidor

É uma coisa sem valor

Uma mente atrapalhada

Uma grande palhaçada

O cúmulo da ignorância

Não merece confiança

Nem gestos de compaixão

É um ser sem coração

Que só o mal acarreta

É uma alma inquieta

Que vaga na incerteza

Quem não ama a natureza

Não vive, mas sim, vegeta


Salvador Araújo

Ago/81


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